Thursday, May 17, 2007

O que estamos fazendo pela Saúde?

O que estamos fazendo pela Saúde?
MARIA INÊS AZAMBUJA* (AMICOR)

O apagão aéreo é ruim? Imaginem então o que seria um apagão na Saúde! E os sinais premonitórios estão por toda parte! Hospitais fechando, pessoas morrendo enquanto tentam obter judicialmente leitos nas UTIs, filas de espera de cinco anos para cirurgias, falta de medicamentos essenciais para o tratamento de doenças crônicas, doentes incapacitados precocemente, sobrecarregando as contas da previdência social, e uma população envelhecendo rapidamente, o que colocará mais pressão sobre um sistema quase falido. Enquanto isso, desvio da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para fazer superávit e remunerar o capital especulativo e salários de médicos baixos como os dos controladores de tráfego aéreo. Sem falar em prioridades políticas incompreensíveis para os doentes (e eleitores em geral), como informatizar farmácias para controlar o consumo de anorexígenos ou investir em uma televisão pública! É possível menor sensibilidade social? Onde estão os representantes eleitos pelo povo para exigirem a imediata aplicação integral da CPMF na Saúde - finalidade para a qual ela foi criada? É impressionante a miopia nacional com relação à saúde. Nos Estados Unidos, hoje, 15% da economia gira em torno da assistência à saúde. Isso representa milhares de empregos na área de serviços de saúde e também na produção de medicamentos e equipamentos para tratamento, prevenção e reabilitação, em educação e em produção do conhecimento (ciência médica e equipamentos para produzi-la). Sem falar na indústria de alimentos dietéticos e funcionais. A aplicação integral dos recursos da CPMF em saúde e uma política de estímulo ao desenvolvimento tecnológico e à substituição de importações nesta área estimulariam grandemente a economia, gerariam milhares de empregos e distribuiriam renda, produzindo, só com isto, mais saúde, além de assegurar o tratamento dos já doentes. Ou seja, seria o próprio jogo de ganha-ganha, senão para os banqueiros, para a população brasileira. Será que precisaremos chegar ao apagão para que providências sejam tomadas? * Médica sanitarista, professora adjunta do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina da UFRGS

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